Nacionalismo
brasileiro
Um dos conceitos mais
interessantes da História Política é o de nacionalismo. O nacionalismo é uma
tese, ideológica, surgida após a Revolução Francesa. Mas na verdade, o que é o
nacionalismo? Bresser Pereira define o nacionalismo como: “a ideologia
fundamental da terceira fase da história da humanidade, a fase industrial,
quando os estados nacionais se tornam a forma de organização político-cultural
que substitui o império.” Em sentido geral, pode ser considerado como um
sentimento de valorização marcado pela aproximação e identificação com uma
nação. Mas como este, foi chegar ao
Brasil? O ideário nacionalista surge no
Brasil no século XIX, quando ganha o alvará de independência portuguesa, pois,
inicialmente o Brasil foi uma colônia do Império Português, estabelecido
durante a colonização portuguesa da América. Após a independência, a oligarquia colonial, nascida no Brasil, passou a
desenvolver sentimentos contra o sistema colonial e a manifestar hostilidade às
autoridades portuguesas. Os brasileiros tinham o desejo de terem um governo
próprio e se ressentiam da riqueza nacional. Após a independência, o
nacionalismo brasileiro manteve o seu sentimento e começou a expandir-se cada
vez mais.
Já no século XX, vários fatores, tantos internos como
externos, também contribuíram para um avanço significativo do nacionalismo
brasileiro. Entre esses fatores, estava “A Semana de Arte Moderna”, que foi um
movimento artístico e cultural, que ocorreu no estado de São Paulo, realizada entre os dias 13 a 18 de
fevereiro no ano de 1922. Ela contava com a presença de ilustres artistas
famosos, tais como, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Anita Malfatti,
dentre outros.
Em meio a conflitos sociais, no Brasil e também no Mundo, a
Semana de Arte Moderna aconteceu. Ela ocorreu em meados da Primeira Guerra
Mundial. O evento foi de certa forma, conturbado. Porém, contudo, o Brasil
necessitava de uma libertação, de um padrão original, pois, o país tinha suas
políticas fundamentadas na cultura europeia, e neste contexto os brasileiros
procuravam inovação nacional, pois, só assim o Brasil poderia se libertar e
conseguir a livre expressão da criatividade, sem total influência das
vanguardas europeias, onde que as mesmas influenciavam os artistas brasileiros
e afirmavam que o Brasil estava atrasado culturalmente.
O Brasil teve um grande marco em relação ao Modernismo.
Vários artistas brasileiros, que voltaram dos estudos nas escolas de artes
internacionais, começavam a observar que o Brasil precisava de uma reforma
artística. Iniciaram inúmeras manifestações, na literatura principalmente, nas
artes e até publicações em revistas. Entre essa sede de um nacionalismo, tinha
diversas características, que eram: buscar a modernidade em conjunto com a
originalidade; a quebra de paradigmas em relação à forma de escrita; uma forte
tendência ao nacionalismo e a aproximação do idioma. Houve a adaptação da
língua, sendo inserida a linguagem popular, denominada como língua brasileira.
E também a valorização da cultura indígena. Mais tarde, o nacionalismo se
tornou bandeira, símbolo da resistência diante da dominação europeia.
A luta por maior espaço no interior do campo artístico e a
busca por maior alcance e prestígio na sociedade brasileira, criada pela semana
da arte moderna, recorreu também ao campo musical.
No Brasil, o movimento da Semana
de Arte Moderna realizada em 1922, trouxe à tona um movimento artístico que
também buscava um sentido nacionalista na sua arte. A
crítica musical e a tentativa de se fazer uma história da música produzida no Brasil também se vinculam
ao projeto de criação de uma musica nacional.
Heitor Villa-Lobos contribui na valorização do nacionalismo
musical como a principal música produzida no Brasil.
Villa-Lobos deu início a uma linha
de trabalho que seria desenvolvida por ele, até o final da sua vida. Em 12 de
fevereiro de 1932, Villa-Lobos entregou ao Presidente Vargas um memorial, de
onde foi retirado o seguinte trecho:
“No intuito de prestar
serviços ativos ao seu país, como um entusiasta patriota que tem a devida
obrigação de pôr à disposição das autoridades administrativas todas as suas
funções especializadas, préstimos, profissão, fé e atividade, comprovadas pelas
suas demonstrações públicas de capacidade, quer em todo o Brasil, quer no
estrangeiro, vem o signatário, por este intermédio, mostrar a Vossa Excelência
o quadro horrível em que se encontra o meio artístico brasileiro, sob o ponto
de vista da finalidade educativa que deveria ser e ter para os nossos patrícios,
ao obstante sermos um povo possuidor, incontestavelmente, dos melhores dons da
suprema arte (KIEFER, 1986, p.146).”
A sua concepção de música nacionalista deve muito a acepção
de Mário de Andrade. Mais do
que a participação intensiva na semana, a importância do maestro para o
modernismo brasileiro está na criação de uma linguagem própria na música
nacional, unindo elementos de músicas folclóricas e indígenas. Villa-Lobos
manteve uma preocupação com o ensino do Canto, assumindo cargos importantes
dentro do Governo de Getúlio Vargas, como a chefia da Superintendência de Educação
Musical e Artística. Realizou apresentações de canto, principalmente em datas nacionais, assumindo
uma forte preocupação com o caráter nacionalista da música.
Em
consequência do movimento modernista, o país teve alguns movimentos culturais,
obras e revistas. A revista Klaxon, criada a partir da Semana de Arte Moderna,
trouxe inovações estéticas, além de dar apoio para as ideias dos Modernistas. Os
reflexos da Semana, foram sentidos em todo o decorrer dos anos 1920, romperam a
década de 1930, influenciaram toda a literatura produzida no Brasil durante o
século XX e alcançaram a literatura contemporânea. De certa forma, tudo que é
feito no país hoje, seja na literatura, seja nas artes plásticas, está relacionado
com o Modernismo e consequentemente ligado a um forte sentimento nacionalista.
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